Por: Laura Cristina Ferreira – 24/04/2019
E todo dia é a mesma coisa: uma chegada, um beijo na testa do pequeno que está sentado no sofá, você cansado/a, as perguntas de sempre: Tudo bem? Como foi na escola?, você caminha para cozinha ou para o quarto e segue em frente enquanto ouve ao fundo a resposta de sempre: tudo.
A pergunta sai, mas os olhares não se encontram. E quantas perguntas saem assim na nossa vida? Quantas coisas que perguntamos e não ouvimos as respostas? Quantas perguntas fazemos sem querer saber a resposta? E quantas coisas que desejamos saber e não perguntamos?
Você já parou para pensar sobre o que quer saber de verdade?
A cada dia a criança aprende uma quantidade imensa de coisas, muito, muito maior do que os adultos são capazes de aprender. Isso acontece porque elas estão juntando histórias e saberes que as ajudarão a viver melhor e serem mais felizes (adultos bem bacanas continuam juntando saberes e histórias, mas isso é uma outra conversa).
Assim, cada experiência vivida é uma parte do que o pequeno está se tornando: provar carambola, levar uma mordida do amigo, ganhar um abraço, usar argila, quebrar um vaso com a bola dentro de casa, puxar o cabelo de alguém, provar uma comida que não gostou, não ser escolhido para a brincadeira, explicar um fato, perder o melhor amigo por intermináveis 15 minutos, machucar o joelho, levar o maior susto com o latido do cachorro, ter dor de barriga.
Para cada experiência uma sensação nova para acompanhar: medo, raiva, tristeza, prazer, alegria, nojo, e a necessidade de aprender a lidar com tudo isso.
Contar uma experiência faz com que a criança viva as sensações daquele momento e isso a ajuda a organizar a forma como se sente.
É neste momento que os pais/mães devem ficar atentos e abertos a ouvir o que a criança diz, deixando que se expresse como consegue, sem interrupções, julgamentos ou broncas na hora errada.
Deixe a criança falar. Ouça. Ouça de verdade. Sinta o que ela diz. Depois fale.
O mundo do pequeno está em formação e os pais/mães tem papel fundamental nesse processo. A forma como os ouvimos e as respostas que damos às suas sensações, os ensinará sobre a vida e como é viver.
Ser pai/mãe de alguém é uma experiência muito intensa, ninguém está pronto nunca, nem mesmo quando já faz isso há 30 ou 40 anos. Não precisa ter medo de errar, porque cometemos muito erros mesmo com medo e mesmo sem querer.
Faz parte! Mudar faz parte. Transformar faz parte. Ajustar faz parte. Ou você achou que seria pai/mãe por 100 anos sem nenhum ajuste?
Você já parou para pensar em como se sente ou como está o seu mundo hoje?
Laura Cristina Ferreira
Contato: ccostaferreira@gmail.com