Por: Cinthia Campanário – 24/04/2019
Treino, pilates, e-mails, e-mails, e-mail, e-mails, mensagens, mensagens, mensagens, mãe, namorado, 10 horas de trabalho, whey, salto alto e 4 horas de sono por noite.
Um valor: agenda lotada.
Um mantra: não tenho tempo.
Poucas linhas e um retrato em preto e branco do combate aquilo que temos de mais elementar: nada!
Nascer aleatoriamente como produto do acaso e da involuntariedade particular de cada um de nós não poderia deixar outra marca senão o vazio.
Os orientais de certo tem muito a nos dizer sobre essa particularidade nada particular da existência, o quanto é importante, valioso e extremamente necessário para que a vida tenha sentido. O ocidente, ao contrário, insiste e investe no preenchimento daquilo que sequer tem fundo.
Pergunto se tantas atividades respondem a tão elementar inquietação da história do pensamento: o que fazemos aqui?
Ainda não encontramos o x dessa questão. Que bom, seguimos investigando, então.
Essa interrogação há de ser o caminho do contato com cada singular sentido atribuído e sentido, experienciado, a cada pequeno passo, leve sorriso ou densa lágrima de todos os dias da vida.
Nunca antes tantas ocupações. Nunca antes tanta cobrança, competição, boletos, ritalina e rivotril.
A negação do vazio, espaço fértil para a criação e elaboração da vida, adoece. Ansiedade e depressão, vai saber, podem ser a resposta que o corpo dá a mente que não ousa se questionar e se aquietar com o nada que nos ocupa.
Vale parar. Vale respirar. Vale muito não saber. Vale contemplar. Vale perder a hora e colocar o sono em dia, porque nesses intervalos o retrato da vida há de ser bem mais colorido.
Por: Cinthia Campanário
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