Gestalt-terapia
Fritz Perls, ao escrever sua última obra – A Abordagem Gestáltica e Testemunha Ocular da Terapia – fez uma observação valorosa sobre o homem e seu grau de vitalidade. Segundo Fritz, o homem moderno perdeu sua capacidade criativa e se tornou um autômato ansioso, vagando sem objetivo, abrindo mão de sua vida criativa, de sua espontaneidade e de sua capacidade de alcançar seus interesses. Nesse sentido, então, o homem tornou-se um indivíduo refém de seu meio, apresentando dificuldades em expressar sua autenticidade.
A Gestalt-terapia, abordagem clínica de base Humanista, tem por objetivo ampliar a consciência do cliente e trabalhar para o desenvolvimento de suas potencialidades, visando que o mesmo possa lidar com seus conflitos de modo criativo e responsável para que possa alcançar melhor qualidade de vida. Para isso, a gestalt trabalha no aqui-e-agora favorecendo que o indivíduo possa dar-se conta de seu modo de funcionamento obsoleto e de suas situações inacabadas, estabelecendo ajustamentos criativos e a busca por uma vida mais saudável.
Fritz Perls
O pai da Gestalt-terapia
Muitos gestalt-terapeutas não concordam com a definição de que Perls é o criador da Gestalt-terapia. Isso porque, a gestalt acabou sendo fundada por um grupo de pessoas, conhecido como o Grupo dos Sete, formado por Fritz, Laura Perls, Paul Goodman, Isadore From, Paul Weisz, Sylvester Eastman, Elliot Shapiro. Esse grupo foi organizado por Laura e Goodman para discutir e pensar um novo modelo de análise clínica, que Perls já predizia ao questionar a teoria e o método de Freud no livro “Ego, fome e agressão”. Assim, ainda que Fritz não seja considerado por muitos o único criador da abordagem, sem dúvida nenhuma ele pode ser entendido como o pai da Gestalt-terapia.
Médico, psiquiatra e psicanalisa alemão, a criatividade, curiosidade e genialidade de Perls são inquestionáveis. Boêmio berlinense, Fritz passou sua vida cercado por intelectuais “esquerdistas”: filósofos, poetas, escritores, músicos, pintores e artistas da contracultura, interessados em novas formas de expressão.
Bebeu em fontes diversas como a psicanálise de Freud, o expressionismo de Friedlander, o psicodrama de Moreno, o corpo de Reich, o pensamento existencialista de Buber e Tillich, a fenomenologia de Husserl, algumas teorias de base holísticas e até mesmo o budismo.
Acabou imprimindo uma abordagem que trabalha com a ampliação da consciência, baseada no aqui-e-agora, entendendo a fuga ao futuro ou ao passado como formas de resistências ao encontro que se sucede. Fritz acreditava no potencial humano.
Passou por diferentes fases: viajou por diversos lugares para apresentar sua técnica; sentiu-se desencorajado e incompreendido; viveu momentos de isolamento e melancolia; apaixonou-se; desapaixonou-se; fez uso de drogas; viveu momentos de liberdade e confiança; dedicou-se a pintura; frustrou-se; tornou-se celebridade; foi eleito o rei dos hippies; passou os últimos anos de sua vida sentindo-se feliz e plenamente satisfeito vivendo em uma espécie de kibbutz e faleceu de infarto aos 77 anos, nos deixando de presente sua linda abordagem clínica, a Gestalt-terapia.